quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Num bar da vida


Buteco do “Tieta” - Cruzeiro Velho - Brasília (DF)


Butiquim que se preza

Butiquim que se preza, ninguém sabe o endereço; só sabe chegar.
Butiquim que se preza deve ter razão social e nome fantasia. Mas estes devem ser solenemente ignorados pela clientela, que só se referirá ao estabelecimento pelo genitivo: “bar do Zé”, “buteco do Juca” etc.
Butiquim que se preza só tem um banheiro, unissex. Mas se tiver mais um, feminino, é imperativo que seja trancado e que a chave fique em poder da mulher do proprietário, responsável pela culinária da bodega.
Butiquim que se preza tem limão e/ou gelo no mictório. Tolera-se a naftalina. Papel higiênico também tem que ser solicitado ao portuga.
Na arquitetura do butiquim que se preza, o balcão é de longe o elemento preponderante. Todos os demais devem estar em função dele.
Butiquim que se preza não serve batata frita, não tem quéti-chupe, nem maionese.
Butiquim que se preza tem vitrine para exibir as iguarias produzidas pela cozinha local. Nesta, deverão estar permanentemente expostos, ao menos: 1) algum ovo de coloração diferente da natural; 2) uma sardinha e/ou lingüiça preparadas minimamente com 24 horas de antecedência.
Cerveja, no butiquim que se preza, é Brahma e/ou Antárctica. Só. Estúpidas.
Vá lá, Caracu.
Butiquim que se preza não vende cerveja de lata, a não ser, em último caso, pra viagem. Deve haver meia-cerveja, para os bebedores solitários ou apressados. De garrafa, desnecessário repisar.
Butiquim que se preza tem seus solitários obrigatórios.
Butiquim que se preza tem pinga da casa, purinha, de alambique, de preferência num garrafão azul. Mesmo que abastecido, religiosamente, com a 51 mais ordinária.
Butiquim que se preza não bate sol dentro em nenhuma hora do dia, nenhuma época do ano.
Butiquim que se preza não usa nenhum utensílio descartável, salvo guardanapos.
Em butiquim que se preza, palito é no paliteiro, sal é no saleiro. Parece absurdo?
O repertório de copos do butiquim que se preza se resume ao indefectível americano, o longo e alguma espécie de abaulado, para os tomadores de conhaque.
Todo butiquim que se preza tem o seu tomador de conhaque.
Butiquim que se preza deve ter um cardápio enxuto, necessário e suficiente: os malfadados petiscos de vitrine, que mataram o guarda; tremoços, azeitonas e amendoins. Uma conserva de procedência duvidosa pode eventualmente ser bem vinda. Se servir almoço, prato do dia, mais duas ou três opções no comercial. Mais nada.
Aliás, butiquim que se preza não deve ter nenhum guarda num raio mínimo de 300 metros.
Butiquim que se preza todo mundo sabe o nome de todo mundo. Mas ninguém sabe o sobrenome de ninguém.
Butiquim que se preza deve guardar, na freqüência, desproporção de gênero da ordem de 10 para 1. Dez homens pra cada mulher, bem entendido. Mesmo as moscas, preferencialmente devem ser do sexo masculino.
Em butiquim que se preza, tudo se discute. Nada se estabelece.
Butiquim que se preza ostenta obrigatoriamente um nicho ou altar em honra ao protetor do estabelecimento, prevalencendo estatisticamente São Jorge, Seu Zé e o Padre Cícero.
Butiquim que se preza deve tolerar as manifestações artísticas esporádicas de seus freqüentadores, sejam discretas batucadas de balcão, até ajuntamentos musicais de grandes proporções. Fazer o quê?
Butiquim que se preza tem que ter um dono mal-humorado, tendente a grosso, de preferência português ou espanhol. E se tiver garçom, que seja gentil, discreto e fumante.
A visita à cozinha do butiquim que se preza é vivamente desaconselhada.
Butiquim que se preza deve vender, basicamente, além dos birinaites enebriantes e comidas insalubres, gêneros de primeira necessidade como cigarros, fósforos e fichas telefônicas. Não muito mais que isso, para evitar atrair a freqüência demasiada de estranhos ao ambiente do bar.
Butiquim que se preza deve ter televisão com bombril na antena, que será ligada única e exclusivamente nos horários de jogos de futebol envolvendo as agremiações locais ou o Escrete. E olhe lá.
A presença de crianças num butiquim que se preza é apreciada, discretamente, à guiza de formação das novas gerações, exclusivamente pelo tempo compatível com o grau de iniciação do neófito.
Em butiquim que se preza, ninguém é “afro-descendente”, “de opção sexual diferenciada”, ou “portador de necessidades especiais”. Preto é preto, crioulo, negão; viado é viado, bicha, perobo. Cego é cego, surdo é surdo, aleijado é aleijado. E os crioulos, viados e aleijados que o freqüentam não se sentem, por isso, ofendidos.
Em butiquim que se preza não se diz “veado”.
Butiquim que se preza deve conter cartazes com ditos edificantes para a educação do povo, tais como “a inveja é uma merda”, “fiado só para maiores de 80 acompanhado dos avós”, que devem figurar ao lado do pôster do time do coração do bodegueiro.
Em butiquim que se preza, nada é proibido. Mas nem tudo é permitido.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Especialistas ensinam como identificar sinais que alertam para um AVC

Matéria do Corrio Braziliense (DF)

Tatiana Sabadini
Publicação: 05/09/2010 09:39

Os sinais quase sempre enganam. Difíceis de decifrar, confundem quem os sente e quem os vê. É muito comum que, enquanto o cérebro perde a circulação e a oxigenação, ninguém note o que está ocorrendo. Enquanto isso, 2 milhões de células morrem a cada minuto e o corpo perde, aos poucos, funções básicas. A fala some, os braços pesam, a face treme e a força desaparece. Esse mal traiçoeiro é o acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame, a doença que mais mata no Brasil. É possível, porém, aprender a reconhecer os sintomas (veja infografia). Agir rápido é uma das formas de salvar vidas e limitar suas duras consequências.

Qualquer perda de função motora, fraqueza, visão dupla ou dificuldade de comunicação pode servir como alerta e deve ser levada a sério. “Um AVC é caracterizado por uma mudança súbita de comportamento e quadros de confusão mental ou motora. Ainda mais se o paciente apresenta fatores de risco, como diabetes e pressão alta. As pessoas precisam aprender a reconhecer esses sinais precocemente, porque eles são confundidos com dezenas de outras coisas. E sempre é necessário correr para uma emergência”, afirma Hudson Mourão Mesquita, neurologista da Amil.

Em 2008, 97.881 pessoas morreram no Brasil por causa de doenças cerebrovasculares, segundo o Ministério da Saúde. De acordo com especialistas, o desconhecimento da população agrava a situação do derrame entre a população brasileira. “Muita gente não sabe o que quer dizer, confunde com o aneurisma, acha que está ligado à dor de cabeça. Para o leigo, o derrame é qualquer coisa que sangra. Precisamos de um programa educativo, de linguagem fácil, para alertar a população. Afinal, a simples ida à emergência para saber o que há de errado é essencial para salvar vidas”, comenta Mesquita.

Uma pesquisa feita pelo Hospital Albert Einstein com 800 pessoas mostrou realmente um quadro preocupante: um grande desconhecimento sobre os sintomas do AVC. “As pessoas não sabem nem o que significa, conhecem apenas o nome popular, derrame. Não sabem quais são os fatores de risco ou como identificar os sinais da doença. Mais de 30% não conhecem o 192, o número da emergência, e esse é um quadro muito preocupante”, analisa Gisele Sampaio, gerente da área de neurologia do hospital.

Contra as sequelas
O rápido atendimento é importante para reduzir o dano cerebral e, em alguns casos, consegue evitar qualquer tipo de sequelas. “Na neurologia, costumamos dizer que o tempo é o cérebro. A região acometida pela lesão do AVC é determinante no tipo de sequelas e na gravidade delas. Pode-se dizer que, quanto mais nobre a função da área cerebral atingida, pior é o resultado. E quanto antes for o tratamento imediato, melhores as chances”, comenta Gylse-anne Souza Lima, neurologista do Hospital Santa Luzia de Luziânia (GO).

Para Gisele, quanto mais conhecimento a população tiver sobre o AVC, as opções de tratamento serão mais desenvolvidas. “Uma pessoa pode ter um derrame e conseguir reverter o quadro, se receber a medicação até quatro horas e meia depois da fase aguda. O que acontece é que os sintomas se confundem, o atendimento demora e as sequelas são piores, podendo acorrer até paralisia total”, comenta a neurologista do Albert Einstein.

O acidente vascular cerebral é causado pela falta de circulação ou por uma hemorragia no tecido encefálico. Cerca de 80% dos casos de AVC são do tipo isquêmico — os outros 20% são hemorrágicos. Para que esse processo aconteça, existem alguns fatores de risco. As chances aumentam com o envelhecimento, principalmente a partir dos 60 anos, mas os jovens também podem ter um derrame. “A hipertensão arterial acarreta um aumento superior a três vezes da incidência do AVC . Diabetes é fator de risco bem documentado, assim como o tabagismo, que aumenta o risco relativo em 50%. Outros fatores identificados são o sedentarismo, o estresse e a obesidade”, diz Gylse-anne.

Como, para os idosos, os riscos são maiores, os familiares precisam ficar atentos a qualquer mudança de comportamento. Eles podem sofrer pequenas crises, que, no entanto, podem deixar sequelas graves. “A idade do cérebro influencia no prognóstico. Quanto mais velhos ficamos, menor a capacidade de regeneração. As reservais cerebrais vão desaparecendo. E é mais comum que eles tenham outras doenças em conjunto com o AVC, o que torna tudo mais preocupante. A atenção deve ser constante”, analisa Gisele.

Aprisionado no próprio corpo
Em 1995, quando tinha 48 anos, o editor da revista Elle francesa Jean-Dominic Bauby sofreu um derrame cerebral. O AVC foi grave e ele perdeu todos os movimentos. A mente funcionava normalmente, mas o corpo não respondia de forma nenhuma. Ele passou, então, a se comunicar exclusivamente com os olhos. Piscar uma vez queria dizer sim e duas não, por exemplo. O jornalista francês conseguiu ditar um livro inteiro dessa forma. A obra O escafandro e a borboleta foi publicada em 1997, mesmo ano da morte do escritor, e adaptada para o cinema em 2007.

Brasília à noite vista do mirante da torre de TV



terça-feira, 31 de agosto de 2010

sábado, 5 de junho de 2010

Vernissage do artista Sanagê Cardoso - 12/5/2010

O LADO QUADRADO DE BRASÍLIA
O escultor Sanagê Cardoso apresenta a exposição “O Lado Quadrado de Brasília”, de 13 de maio a 13 de junho, no Átrio dos Vitrais, andar térreo do edifício-sede da Caixa Econômica Federal na capital. A mostra é composta de 18 esculturas em metal de aço carbono, pintadas de vermelho, em quatro variações tonais, em pintura eletrostática. A abertura para imprensa e convidados acontece na quarta-feira (12), a partir das 19h.
As esculturas de Sanagê, que têm tamanho que varia de 50 cm a 350 cm, seguem conceito de Franz Weissmann e Amílcar de Castro, além de remeter à obra de Alexander Calder. Seus títulos são alusivos a termos usados em Brasília, mostram de forma audaciosa a alegoria da cidade sem o compromisso de uma leitura fiel e propõem um exercício em que cada pessoa descubra a vinculação da obra com o título: 2 Candangos, Asa, Balão, Bloco, Cerrado, Cobogo, D. Bosco, Eixão, Entorno, Ermida, Jardim Botânico, Pilotis, Quadra, Satélite, Setor, Superquadra, Tesourinha e Torre.

“O Lado Quadrado de Brasília” é uma metáfora, uma licença poética para ilustrar uma produção artística. Ao conceber as obras homenageando Brasília, o artista estabeleceu um ritual na criação, destacando detalhes da arquitetura, do dia-a-dia: o simples, o imponderável, o não visto ao lado. Propôs o desafio de localizar os elementos de criação com o óbvio, conduzindo o observador à descoberta.

Sanagê busca valorizar a simetria instigante e propor uma releitura da cidade, numa visão alternativa das singularidades que apresentam seus lados. Esta exposição tem a pretensão de homenagear a temática do óbvio, quebrando paradigmas, ao reduzir o seu quadrado ao lado mais sutil, abandonando os excessos.

“O Lado Quadrado de Brasília” estabelece um princípio estético em que há de prevalecer o desdobramento da obra. Um projeto que provoca a leitura poética desapegada dos conceitos evidentes para uma releitura estrutural.

A obra de Sanagê

“A obra de Sanagê se impõe sobretudo pelo confronto consciente com o material que trabalha, aço carbono e inox, e pela pureza dos meios utilizados, não de efeitos rebuscados, mas com um saber artístico determinado que dá vida e energia à forma e volume, revelando ritmo e comoção da época que vivemos, esta idade de culminâncias e incertezas.

Diante da linguagem plástica coerente do artista, suas esculturas tanto registram os processos de realidade presenciais, quanto integram de forma livre e criativa os padrões e modelos virtuais da realidade sobre seu trabalho e sua atividade como artista residente de Brasília. O trabalho do escultor Sanagê é o resultado da técnica somada à inspiração com muita fluidez, flexibilidade e circularidade, apresentando a obra de arte como gênese e não como produto acabado, como abertura e não como fechamento, de total liberdade de espírito na criação.”

Mali Frota Villas-Bôas

Historiadora e Crítica de Arte

Em 1978, Sanagê tinha a certeza de que seria fotógrafo. Para isso fez todos os investimentos necessários ao desenvolvimento da profissão e ao reconhecimento do seu trabalho. Obteve uma experiência singular, com participações em exposições individuais e coletivas e oportunidades de trabalhos para agências de propaganda, revistas e editoriais fotográficos.

Em 1994, resolveu trilhar novos caminhos. Motivado por fatos e razões, aparentemente desconexas, montou uma pequena metalúrgica. Esse empreendimento tornou-se um divisor de águas na história do artista.

A partir de 2004, dedicou-se à criação de esculturas em aço carbono e inox com influências marcantes de Amilcar de Castro, Franz Weissmann e Alexander Calder. Busca, desde então, como característica, deixar a forma interagir com o universo. O pressuposto é de que as esculturas não tenham uma lógica previamente estabelecida. Trabalha o equilíbrio do imponderável e a falta de compromisso rígido com a posição espacial.

Assim, o artista espera que suas obras provoquem o toque, como se pedissem para serem mudadas de lado, alteradas em suas essências. "Quero que as pessoas fiquem tentadas ao “e se...?””, resume ele.

Programação
Local
TEATRO DA CAIXA
SBS quadra 4 lotes 3/4 anexo 340
Asa Sul

Cajazeiras (PB) - parede do açude



Cajazeiras (PB) - Num buteco


Cajazeiras (PB) - Igreja Matriz N. S. da Piedade


Cajazeiras (PB) - Praça João Pessoa